O setor agrícola teve o melhor resultado em 21 anos e foi fundamental para a melhora da economia. E as exportações fizeram a diferença para que a indústria voltasse a crescer.
A lavoura foi a grande estrela da economia no primeiro trimestre, com crescimento de 13,4%. A safra agrícola deve crescer este ano quase 25%, segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento. Com São Pedro jogando a favor, o Brasil produziu mais.
Sozinha, a agropecuária responde por uma parcela pequena do Produto Interno Bruto (5,5%), mas ela teve um papel de gigante no começo de 2017.
O agricultor fez o plantio e investiu na compra de adubos e insumos, um movimento que ajudou outros setores da economia.
Uma indústria química que faz defensivos agrícolas em Londrina, no Paraná, já está com uma produção 40% maior este ano e mais gente foi contratada.
“Estar empregado é muito importante para qualquer pessoa, ainda mais na época em que a gente vive que está tão difícil o emprego. Então, mudou completamente”, diz a técnica em segurança do trabalho Josiane Lemes.
E a empresa ainda precisa de reforço.
“Nós ainda temos este ano 37 posições em aberto para diversas áreas. Temos na administração, finanças, na área de tecnologia, temos no marketing e especialmente lá no campo, na área comercial”, explicou o diretor de Recursos Humanos Johannes Castellano.
A colheita brasileira também ajudou a impulsionar as nossas exportações. O resultado foi recorde atrás de recorde na balança comercial. Em maio, o superávit foi de US$ 7,6 bilhões. E foi o mercado externo um dos motores para a melhora de outro setor da economia: a indústria.
As vendas para outros países subiram quase 5% no primeiro trimestre na comparação com o trimestre anterior.
Em São Bernardo do Campo, uma montadora comemora um caminhão de boas notícias. O chão da fábrica está cheio de gente nova: 500 trabalhadores foram contratados este ano para dar reforço na produção.
“Eu sou casado, minha esposa está grávida, inclusive quando ela engravidou eu estava desempregado ainda. Aí calhou de eu ter a oportunidade, foi bom, muito bom”, disse Flávio Paes, auxiliar de montagem.
Com menos de um mês contratado, Renan já sabe de cor para onde vai tudo o que ele faz.
“Principalmente Europa, Holanda, esses lugares. Então impulsionou muito o mercado aqui dentro. A maioria do nosso mercado aqui é para fora do Brasil”, explicou o técnico em chassis Renan de Carvalho.
Quando a cabine chega num determinado ponto da produção, o caminhão já está quase todo pronto para seguir viagem fora da fábrica. E ele vai rodar em estradas bem distantes: 70% dessa produção é vendida lá fora. E as encomendas crescem todo mês. Hoje, a cada dez minutos, sai um caminhão pronto da montadora.
Exportar foi a saída para a montadora driblar a queda de faturamento no Brasil; 30 países compram os caminhões, ônibus e motores produzidos na fábrica.
“Do primeiro trimestre para cá nós temos cerca de 30% de aumento nos nossos volumes, para exportação. Hoje nós temos algumas atividades que já estão trabalhando inclusive em três turnos de produção”, afirmou Omar Mauri, gerente de produção da Scania.
Samuel Pessôa, economista da Fundação Getúlio Vargas, diz que o país precisa cumprir a agenda de reformas para outros setores seguirem o caminho da agricultura e a economia recuperar a confiança, o investimento, o consumo e o emprego.
“Se não fizermos diversas reformas na área fiscal e a previdenciária, a mais importante delas, a gente não vai conseguir tirar esse enorme bode na sala que nós temos hoje, que é a insolvência do estado brasileiro”, explicou.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que esta quinta-feira (1º) é um dia histórico e que o Brasil saiu de sua pior recessão.
“Depois de dois anos de queda acentuada, quase queda livre, o país voltou a crescer. Isso é o primeiro dado importante. Segundo: as reformas, na minha avaliação, serão, no devido tempo, aprovadas. E isso é que é muito importante, porque elas já estão na agenda, já estão sendo votadas. O presidente do Congresso e o presidente da Câmara dos Deputados se comprometerem, recentemente inclusive, esta semana, em manter a agenda de reformas. Em resumo, eu acho que isto vai seguir adiante", disse Meirelles.
O presidente Michel Temer comemorou o resultado da economia.
"Há pouco mais de um ano, quando eu assumi a presidência da República, o Brasil estava mergulhado na mais profunda recessão de sua história. O número de hoje marca o renascimento da economia brasileira em bases sólidas e sustentáveis. Este número é resultado de um ano de trabalho. Trabalho do meu governo em sintonia com o Congresso Nacional, ouvindo a sociedade para promover as reformas adiadas por tanto tempo. O crescimento registrado pelo IBGE é uma conquista de todos os brasileiros. Com responsabilidade fiscal e social conseguimos voltar a crescer", afirmou.
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